MOTE
Tenho acesa no peito uma fogueira
E toda noite pra mim é de São João
GLOSA
Como o fogo, queimando o pau de lenha,
Como a faca, que corta e causa dor,
Qual paixão, que jamais se torna amor,
Qual estar em lugar que não convenha.
Feito o sol, que nenhum calor detenha,
Vivo assim, qual bandido na prisão,
Qual quimera, que é sempre uma ilusão,
Perecendo durante a vida inteira.
Tenho acesa no peito uma fogueira
E toda noite pra mim é de São João.
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