quinta-feira, 29 de maio de 2014

Forrozim arretado 2 (Música)

...tava sem fazer nada mesmo, resolvi fazer outro forrozim pé de serra... é bom demais visse!!!
 
Deixe eu voltar pro meu sertão

Deixe eu voltar pro meu sertão
não quero mais viver sem ter do que sorrir
quero rever as ruas do meu cariri
quero voltar e reviver o que vivi

Deixe eu voltar pro meu sertão
sentir o cheiro da fulô do muzambê
meter os pés na massa do meu massapê
ver a beleza arroxeada do ipê

refrão
Quero voltar pro meu sertão
rever os versos de Catulo da Paixão
ouvir o xote fogoso de Gonzagão
e acordar ouvindo o canto do azulão
Quero voltar pro meu sertão
ouvir baião da viola do cantador
sentir a brisa brejeira ao sol se por
e até sonhar com lembranças do meu amor

Deixe eu voltar pro meu sertão
quero ouvir o verdadeiro pé de serra
vou me embrenhar pelas belezas dessa terra
quero viver longe do mundo que é de guerra

Deixe eu voltar pro meu sertão
quero nadar no velho chico de manhã
quero ouvir a melodia da cauã
sentir o gosto adocicado da romã

refrão

Deixe eu voltar pro meu sertão
quero voltar ao meu velho pajeú
quero comer a macaxeira de paú
e ver o vento a balançar o babaçu

deixe eu voltar pro meu sertão
quero rever como é que está meu seridó
no mês de julho passear em Caicó
e me banhar na cachoeira de bodó

refrão

terça-feira, 27 de maio de 2014

O que é o MATUTO

Estive assuntando direitim e andava meio desconfiado que ninguém consegue explicar o que é o matuto. Pra tirar esse estória a limpo procurei primeiro no lugar onde todo mundo procura, no GUGU. Já encontrei logo de cara um erro do tamanho do mundo, pois lá diz que matuto vive no mato, onde já se viu que o matuto vive no mato? Ele vive é em todo canto que se possa imaginar, inclusive espatifado por esse mundão de meu Deus. Tem mais, diz que o matuto é tímido, acanhado e ignorante e quando eu pensei que tinha terminado aí foi que veio a trauletada: os sinônimos. Analfabeto, inculto, bestahão, palerma e por aí vai. Aí foi demais pra mim...quem diz isso só pode ser lá do sul, nascido e criado nos grandes centros urbanos e dotado de tais características e que nunca conheceu, de verdade, um matuto legítimo, daqueles virado num traque, lavado na cuia grande e passado na casca do "ai"...daqueles comedor de cuscuz de mi zaroio...matuto véi do pé rachado e com cheiro de terra e mato...pois eu digo que para entender e explicar o matuto é preciso que seja criada a MATUTOLOGIA que é a ciência que estuda o matuto. Já procurei na Sociologia, na Psicologia, na Psiquiatria e até na Psicanálise e nem Freud explicou, então proponho a criação dessa nova ciência. Vamos, mais pra frente, assuntar mais sobre o tema. Até lá.

domingo, 25 de maio de 2014

Dica cultural

Fonte inesgotável de inspiração para todos os matutos de plantão. Sei que dispensa apresentação pois com certeza toda a matutada o conhece e se não conhecer então não é um matuto completo. Estou falando do grande Jessier Quirino, mestre das observanças e matutanças do povo nordestino e em especial os sertanejos, não apenas em seus aspectos culturais, políticos, sociais, históricos, etc, mas também, e principalmente, do linguajar, dos trejeitos e da verve desse povo que foi mutio bem descrito por Euclides da cunha quando disse: "O sertanejo é, antes de tudo, um forte." É portanto essa fortaleza que faz do sertanejo esse homem descrito, declamado e paginado por Jessier, esse grande poeta e ícone da cultura nordestina atual.
Parabenizo-o pela defesa intransigente de nossa cultura e pela beleza estética e sensitiva de seu trabalho. Ô cabra vei bom dos seiscentos mile diabo...

terça-feira, 20 de maio de 2014

Dica musical



Uma super dica musical é de duas bandas que, apesar de já terem encerrado suas carreiras, marcaram a música nordestina em todos os aspectos e nos mostram músicas que são verdadeiramente alimento da alma...remexa aí no "gugu" que tu vai ver!!!!!

Dica de leitura





Toda a matutada espatifada pelo nordeste (e Brasil) tem o dever e a obrigação de ler toda a obra de Graciliano Ramos, pois para aqueles que "apreceiam" a cultura nordestina estarão conhecendo aquele que, para mim, é o maior escritor deste país. Boa leitura para todos....ah mas também tem muitos outros bons escritores que vamos indicar mais pra frente viu!!!!!

domingo, 18 de maio de 2014

Também queremos GLOSAR

Este mote me foi dado pela professora Clotilde Tavares em uma aula no Departamento de Artes da UFRN em 2001 e eu glosei e deixei guardado e agora "espiando" meus arquivos encontrei. Então aí vai ele.
MOTE
Tenho acesa no peito uma fogueira
E toda noite pra mim é de São João

GLOSA
Como o fogo, queimando o pau de lenha,
Como a faca, que corta e causa dor,
Qual paixão, que jamais se torna amor,
Qual estar em lugar que não convenha.
Feito o sol, que nenhum calor detenha,
Vivo assim, qual bandido na prisão,
Qual quimera, que é sempre uma ilusão,
Perecendo durante a vida inteira.
Tenho acesa no peito uma fogueira
E toda noite pra mim é de São João.

Feira no sertão (Cordel)

este cordel também já faz um bom tempo que escrevi, porém relendo-o achei atual e por isso lá vai o bicho...ele também é um desafio a vida de hoje, com toda essa correria, pois parece que não temos mais tempo pra nada, portanto se tiver com pressa, se acalme e respire fundo pra ler.



Feira no sertão

Quando visito uma feira
Pras bandas do interior
Deleito-me com o sabor
De uma coisa corriqueira
Tem quem diga: isso é besteira
Eu respeito a opinião
Mas minha convicção
Difere, quero dizer:
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

A feira é o local
Que me deixa inspirado
Fica ao lado do mercado
Isso em condição normal
Percebo no pessoal
Bastante concentração
É grande a disposição
De quem vem para vender
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

É um dia diferente
Com bastante movimento
Vê-se em todo momento
Gente pra trás e pra frente
Dos sítios vem toda gente
Vem a pé, de caminhão,
Em jumento, em alazão,
Rural, jeep ou DKV
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Começa de madrugada
Nas bancas e no mercado
Logo cedo tem picado,
Tem galinha e tem buchada,
Tem caldo e tem rabada
Tem arroz e tem feijão,
Caçarola e caldeirão
Sempre no fogo a ferver
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

O povo chega bem cedo
Quando a barra vai quebrando
Aquela brisa soprando
Na encosta do lajedo
O orvalho no arvoredo
E o cheiro da criação
No horizonte um carão
Vai voando sem saber
Que é bonito de se ver
Uma feira no sertão

Na feira se tem de tudo
Tem “sulanca” e tem fazenda
Cocha de chenil, de renda,
Calça jeans e de veludo,
Peiteira, que é escudo,
Pra se pegar barbatão
Tem gibeira, tem gibão,
Tem bisaco pra vender
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem cangaia, arreio e sela,
Chapéu de couro e de palha,
Tem botina, tem “sandalha”,
Lamparina e suvela,
De barro se tem panela,
Boneco e pote no chão,
Também se vê matulão,
Ligueira pra se bater,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem foice, facão e faca,
Espingarda e machado,
Tem enxada, tem arado,
Tem bode, jumento e vaca,
Tem couro de jararaca,
Para fazer cinturão,
Tem pavio, tem lampião,
Agulha, para coser,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem enxó, pua e martelo,
Tem serra e tem serrote,
Tem caixão e tem caixote,
tem caçuá, tem chinelo.
Tem menino bem “magrelo”
Vendo fazer algodão
Pedindo algum tostão
Para comprar e comer
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem prego e baladeira,
Tem parafuso e cano,
Tem a boneca de pano,
Tem bilro para a rendeira,
Tesoura pra costureira,
Naftalina e botão,
Tem linha de algodão,
Tem chita pra se escolher,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem rapaz fazendo aceno
Pra moça que vai passando,
Tem cantador versejando
Verso grande e pequeno,
Tem lata de “queroseno”
Transformada em caminhão,
Pá de zinco e até fogão
Que para a mulher cozer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Um homem vende alfenim
Andando com um tabuleiro
No mercado um vaqueiro
Se levanta e diz assim:
-Bote cachaça pra mim...
Esmurrando o balcão
Procurando confusão
Logo logo vai morrer...
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem umbu e tem cajá,
Tem melão e melancia,
Tem penico, tem bacia,
E tem também aguidá,
Tem a raspa do juá,
Pra fazer escovação
Tem arame e tem bordão
Para “fachina” fazer
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem rapadura e farinha,
Tem tareco e mariola,
Tem disco de radiola,
Tem peru, porco e galinha,
Tem grelha e tem quartinha,
Tem cordel em um cordão,
Milho, arroz e feijão,
E charque pra se comer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem dupla de embolador
Fazendo o povo sorrir,
Tem verduras a cair
Nos pés d’ algum comprador,
Tem rede, tem armador,
Tem estronca e tem mourão,
Tem carrapeta e pião,
Tem tarrafa pode crer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem tilápia e tem coró,
Tem curimatã ovada,
Tem traíra bem cevada,
Tucunaré num cipó,
Tem peba e tem mocó,
Tejo, jacu e canção,
Patativa e azulão
Que cantam até morrer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem também fumo de rolo,
Tem tabaco, que é rapé,
Tem cachimbo, tem café,
Tem tapioca e bolo,
Tem batata de rebolo,
Macaxeira e fruta pão,
Tem cabaço e tem pilão,
Tem moinho pra moer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem rabichola e chocalho,
Arupema e rói rói,
Tem menino com dói dói,
Queijo de manteiga e coalho,
Tem anzol e linha “nalho”,
Tem o ferro a carvão,
Tem cabresto e surrão,
Tem azeite de dendê
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem Chico, Tonico e Zé,
Pedro, João e Severino
Tem Tente e Ambrosino,
Sebastião e Mané
Maria de Nazaré,
Das dores, Da Conceição,
Foto de Frei Damião,
E ponche pra se beber,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem mala e tem maleta,
Tem camisa de tergal,
Tem a corda de sisal,
Chumbo, pólvora e espoleta,
Cartucheira e marreta,
Tem música de Gonzagão,
Retrato de Lampião,
Cocho de porco comer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem milonga e maracá,
Feijão verde e jerimum,
Tem craúna e tem anum,
Mel, paçoca e fubá,
Agulha de palombá,
Tem gaiola e “alçaprão”,
Tem roupa de gurgurão,
Tacaca sempre a feder,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem marreca e tem nambu,
Caldo de cana e pastel,
Tem “retróis” ou carretel,
Galinha d’ água e timbu,
Colorau de urucu,
Pimenta e pimentão,
Tem beiju, bolacha e pão,
Desavença e mal querer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem vendedor de boné,
Imagem do Padre “Ciço”,
Tem cuscuz e tem chouriço,
Gente caindo em imbé,
Tem a cuia do cuité,
Tem caroço de algodão,
Tem cesto e carro de mão,
Tem gente sem entender
Que é bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem lanterna que já vem
Com foquito e elemento,
Tem cambito pra jumento,
Tem ração no armazém,
Tem lembranças do vintém,
E também tem do tostão,
Das moedas de dobrão
Não se deve esquecer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem camiseta de malha,
Mocotó de porco e gado,
Tem até pé de veado,
Tem a esteira de palha,
Pra barbeiro tem navalha,
Pra carpinteiro: formão,
Pra cachaceiro: limão
Pra misturar e beber,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem até João redondo,
E boneco de madeira
Falando no “mei” da feira
Diversos causos expondo
Tem o poeta compondo
Versos com o coração,
Usando a imaginação
Pra depois o povo ler,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem cego pedindo esmola,
Tem Carolina e consolo,
Tem freguês que não é tolo
Pois aprendeu na escola,
Pra sapateiro tem cola,
Pra menino ruim: carão,
Tem a fiscalização
Que pode até prender,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem cadeado e corrente,
Pra se botar na cancela,
Tem erva doce e canela,
Cachaça que é aguardente,
Pra tirar piolho: pente,
Pra tomar banho: sabão,
Óleo de côco e carvão
E até mulher do prazer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Sempre tem um sanfoneiro,
E quero ver não ter ovo,
Numa “rudia” de povo
Deve ter um zabumbeiro
Um "triango" e um pandeiro
E um cabra metendo a mão,
É aquela animação
Só se para pra beber,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Sempre tem um paralítico
Que lá chamam “alejado”
As vezes se vê cajado,
Tem menino que é raquítico,
Encontra-se até político,
Só em tempo de eleição
Ele chega estende a mão
Querendo aparecer,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem folha de caraúba
Tem xerém e diadema,
Tem campina e sariema,
Tem cera de carnaúba,
Tem menino com piúba,
Que pegou lá pelo chão
Fumando atrás do balcão
Que é pra ninguém perceber,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Velho contando estórias
Também na feira se encontra,
Tem menino que apronta
E apanha de palmatória,
Caçador conta vitória,
Jogador que é campeão,
Retratista de plantão
E gente a se benzer
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem a banca de importado
Que não vale um cibazol,
Carro que acende o farol
Mas quando é desmantelado
É chiclete mastigado,
Ninguém lhe dá atenção,
Tem CD, televisão
E até “oclus” HB,
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

É tudo artificial
É do Paraguai que vem,
Calculadora se tem
Mas ninguém dá um real,
Tem relógio digital
Que não tem comparação
Ao de bolso com cordão
Orient ou cartiê
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Se a memória não me falha
Vou lembrar do fim da feira
Todo o povo de carreira
Mas ninguém se atrapalha
Tem carne verde na palha
Pendurada pela mão,
Em cima do caminhão
O povo a se espremer
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem homem puxando fogo
Em busca do cabaré
Tem feirante que até
Deixa a banca e vai pro jogo,
Têm outros que fazem rogo
Pedindo a Frei Damião
Que continue a missão
De sempre lhe proteger
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Tem “bebos” pelas calçadas
Com o cachorro de lado,
Tem vendedor enfadado,
Muita gente nas estradas,
Já tem bancas desmontadas
Espalhadas pelo chão
Tem chafurdo e confusão,
Na hora do entardecer
É bonito de se ver
Uma feira no sertão

Quando acaba o movimento
Vai tudo normalizando
Feirantes se retirando
É esse o pior momento
O retorno ao sofrimento
De uma eterna prisão
A seca sem “solução”
Alimentando o “poder”
Mesmo assim gosto de ver
Uma feira no sertão

Aqueles rostos sofridos
Que encontro numa feira
São como o pó da poeira
Fragmentos esquecidos
Que vagam sempre perdidos
Em meio à imensidão
Não veem a dimensão
Do que está a acontecer
Mesmo assim gosto de ver
Uma feira no sertão

Não entendem que a cultura
É o seu maior tesouro
Ela vale mais que ouro
Não há nada à sua altura
Ela é a armadura
A identificação
Dessa parte da nação
Que vive sempre a sofrer
Visite pra conhecer
Uma feira no sertão.

sábado, 17 de maio de 2014

Cultura é a saída (Cordel)

Este cordel estava escrito a bastante tempo e reencontrei-o agora então lá vai o bicho...ele fala das manifestações culturais do RN de maneira muito artificial é só pra instigar um pouco a matutada a se interessar pelo assunto...



Cultura é a saída

Peço a Deus inspiração
Pra falar de algo comum
Pra provar que a cultura
Não nos traz problema algum
Quem gosta sempre pesquisa
Eu sou apenas mais um

Problema não tem nenhum
Também gosto de estudar
Vou falar da importância
De se conscientizar
De conhecer a cultura
De saber analisar

Primeiro pra vislumbrar
A conscientização
Precisa-se conhecer
Digo-lhes de antemão
O caminho é a leitura
Seguida da discussão

Tem muita opinião
Formada pela TV
Aquele que só assiste
E acredita no que vê
Torna-se um João Redondo
Não queira isso pra você

Buscando-se no que lê
Uma outra consciência
Percebe-se que a TV
Tem muita deficiência
Explorando a nudez
A desgraça e a indecência

Não deixe essa influência
Atravessar seu caminho
Não se torne um boneco
Igualmente ao seu vizinho
Que passa a noite sorrindo
Com o programa do ratinho

Analise com carinho
Busque uma nova visão
Perceba que o consumismo
Tomou conta da nação
Tudo é mercadoria
Até sua opinião

Criou-se uma confusão
Com os valores e a moral
Nossa cultura está perto
De um colapso fatal
Não devemos permitir
Que aconteça esse mal

Vou mostrar-lhes afinal
A cultura potiguar
Artesanato e folguedos
A cultura popular
Cantoria de viola
Danças do nosso lugar

Tem o conto popular
Que já é uma riqueza
O romanceiro daqui
É uma grande beleza
As danças são referências
Refletem nossa grandeza

Garanto-lhes com certeza
Que aqui temos lapinha,
Fandango e boi calemba,
Chegança e capelinha,
Pastoril, congos e côco,
Bambelô e bandeirinhas

Seguindo por essa linha
Tem a dança do espontão,
A dança de São Gonçalo,
Maneiro pau e São João,
Caboclinhos e Araruna,
Riquezas da região

Olhando com atenção
Outras danças encontramos
Porém vamos adiante
Buscar o que procuramos
Remexer nossa cultura
E vamos ver se achamos

De muitas coisas falamos
Porém temos muito mais
Cantoria de viola
Não esqueçamos jamais
Do cordel, da poesia,
Adagiário e demais

Coisas que são bem normais
Pra quem conhece a cultura
Quem ainda não conhece
Eu indico mais leitura
Principalmente Cascudo
Que é sabedoria pura

Seguindo nessa aventura
Tem Deífilo Gurgel,
Tem Veríssimo de Melo
Gumercindo, um tabaréu,
Que ascendeu à Academia
Com seu estudo fiel

Poesia tem a granel
Erudita e popular
Auta de Souza é uma
Que devemos destacar
Tem Fabião das Queimadas
Que sabia improvisar

Chico Antônio a embolar
Encontrou Mário de Andrade
E Ferreira Itajubá?
Um poeta de verdade
Estarão sempre presentes
Em nossa historicidade

Uma enorme quantidade
De poetas renomados
Encontraremos aqui
Todos estão registrados
Em nossa literatura
Pelo Brasil espalhados

Estudos aprofundados
Dessas manifestações
Devem ser realizados
Pelas instituições
Responsáveis pelo ensino
Em todas as regiões

Se houvessem tais ações
Nos colégios e escolas
Levando conhecimento
Poesias e violas
Haveria consciência
Recusar-se-ia “esmolas”

Ficar surfando em marolas
Permanecer no achismo
Não leva a lugar algum
Talvez até a um abismo
Não muda nosso país
Nos deixa com estrabismo

Acabar com o conformismo
Com a falta do saber
É meta de quem estuda
De quem procura entender
As “coisas” à sua volta
Buscando compreender

Portanto a saída é ler
Sobre assuntos variados
Conhecer o nosso estado
E nossos antepassados
Pra entender o presente
Pro futuro: preparados.